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sexta-feira, 10 de julho de 2009

O ciclismo indoor como prática possível para idosos


Uma revisão literária de 2002 a 2006, referente prática de ciclismo in door por idosos com idade entre 60 e 65 anos.

O crescimento da população idosa é fato que vem ocorrendo desde a década de 50 e, segundo projeções, deve crescer 16 vezes entre 1950 e 2020. Sabe-se que envelhecer é um processo que, do ponto de vista fisiológico, implica em alterações na funcionalidade dos sistemas. É clara a redução progressiva das aptidões funcionais, alterações estas que interferem na qualidade de vida do idoso, limitando sua capacidade de realizar atividades cotidianas com vigor, deixando sua saúde mais vulnerável.

Como o crescimento da população idosa ocorre não só no Brasil, mas no mundo todo, a manutenção da integração dos indivíduos na sociedade. Além das já existentes campanhas de incentivo a prática de atividade física voltadas a este grupo através dos profissionais da área da saúde e da imprensa, são necessárias, também, ações comunitárias, educativas e governamentais que proporcionem possibilidades de organização de grupos e condições possíveis para ela.

O envelhecimento pode ser compreendido como um processo múltiplo e complexo de contínuas mudanças ao longo dos anos, com alterações na visão, audição e da capacidade física, o que afeta fatores sociais e comportamentais. Uma idéia preconcebida sobre a velhice a caracteriza apenas pela decadência física e ausência de papéis sociais, desenhando a típica figura do velho esclerosado e inútil.

O sedentarismo do idoso provém, muitas vezes, de imposições sócio-culturais, mais do que de uma incapacidade funcional. Sabe-se, também, que boa parte das alterações fisiológicas e funcionais observadas nos idosos são resultantes da inexistência de estímulos e não apenas devidas ao processo natural de envelhecimento.

A prática de exercício físico, além de combater o sedentarismo, contribui de maneira significativa para a manutenção da aptidão física do idoso, seja na sua vertente da saúde, como nas capacidades funcionais.

A participação regular de idosos em atividades físicas, realizando exercícios aeróbios e treinamento de força, promovem respostas orgânicas favoráveis que contribuirão para um envelhecimento mais saudável.

Os benefícios do programa aeróbio sobre o sistema cardiovascular podem incluir melhora na respiração, na circulação central, na função cardíaca, na circulação periférica, como também no metabolismo músculo esquelético e redução do percentual de gordura.

A atividade física pode ser um importante aliado para prevenção de doenças, promoção da saúde e da funcionalidade física dos idosos. Do ponto de vista psicológico pode-se afirmar que problemas relatados nesta faixa etária são ligados aos altos níveis de depressão e angústia, além de baixos níveis de satisfação de vida. As dificuldades dos idosos com as atividades do dia-a-dia devidas a problemas físicos ocasionam dificuldades nas relações sociais com outras pessoas e na manutenção da autonomia, trazendo prejuízos à saúde emocional.

O ciclismo indoor pode ser definido como uma atividade ministrada por um profissional para um grupo de indivíduos que variam em idade, sexo e aptidão física. É praticada em bicicleta estacionária, desenvolvendo treinamentos que promovem resistência aeróbia e anaeróbia, acompanhada ou não de um ritmo musical. Pode ser definido também como a prática do ciclismo em bicicletas estacionárias, realizado geralmente em academias de ginástica, com fins cardiovasculares, o RPM é um exemplo.

O ciclismo indoor surgiu como uma nova alternativa de atividade aeróbica dentro das academias, por meio de um programa de treinamento contínuo ou intervalado, visando a manutenção e melhora do sistema cardiovascular.

Quanto aos motivos que levam à sua procura, são divididos em internos e externos. Dentre os primeiros estão os fisiológicos, psicológicos e sociais, afiliação, poder e realização. Os demais se referem a incentivos, recompensas e dificuldades.

O ciclismo indoor pode ser uma atividade interessante para grupos especiais, praticada da maneira adequada e com orientações específicas.

Não é possível afirmar que o ciclismo indoor seja uma atividade interessante para todos os indivíduos que freqüentam uma academia. Ela só se torna interessante para aqueles cujas características da atividade coincidam com suas necessidades específicas. Sendo assim, quem procura o ciclismo indoor geralmente demonstra um perfil ativo, que precisa de intenso movimento muscular e que exige grande desprendimento de energia física.

Feitas estas considerações, pergunta-se: a prática do ciclismo indoor é realmente eficaz para o idoso?

Uma vez que se espera eficácia no desenvolvimento cardiorespiratório e cardiovascular, a prática seria eficaz também para outros aspectos, como composição corporal, aspectos sociais e psicológicos?

O presente estudo teve, portanto, como objetivo verificar a existência na literatura situada no período de 2002 a 2006 de impactos relatados como conseqüência do treinamento em ciclismo indoor em idosos com idade entre 60 e 65 anos, buscando verificar alterações no VO2 máx, flexibilidade, força de membros inferiores, composição corporal e efeitos sobre o estado de humor e satisfação com a própria vida.

Após o levantamento de dados bibliográficos, as informações coletadas na literatura disponível apresentam dados que, na sua grande maioria, convergem entre si, com pequenas divergências que abordaremos na seqüência.

Aptidão Física

Uma informação comum encontrada nas referências é com relação ao benefício do programa de treinamento aeróbico sobre diversos aspectos da aptidão física. Ponto comum e quase abordado pela maioria dos autores consultados é a melhora nos sistemas cardiorespiratório e cardiovascular em função da prática da atividade de predominância aeróbia.

Alguns autores especificam detalhadamente os itens que apresentam melhora, a exemplo de FIGUEROA (2002), que afirma que a atividade aeróbica provoca melhora na respiração, na circulação central, na função cardíaca, na circulação periférica e também no metabolismo músculo esquelético.

Podemos complementar com os itens apontados por DENADAI (2005) que aponta influência nas respostas fisiológicas como a ventilação pulmonar, o quociente respiratório, a produção de gás carbônico, o recrutamento das fibras musculares e a concentração de lactato, onde parece que estes itens dependem também da cadência da pedalada e da intensidade escolhida para analisar esta influência.

Ponto comum entre MELLO (2004), DOMINGUES FILHO (2005), FERREIRA (2005) é o fato de que o ciclismo indoor é uma forma de treinamento que pode ser aplicada a pessoas de diferentes faixas etárias e níveis de condicionamento físico, sendo necessário respeitar a individualidade biológica dos indivíduos praticantes. Porém MELLO (2004) afirma que a bicicleta atualmente utilizada no ciclismo indoor é ergonomicamente contra indicada para idosos, colocando em risco sua saúde.

DOMINGUES FILHO (2005) ressalta a procura do ciclismo indoor por portadores de patologias como diabetes, hipertensão e obesidade, sendo que afirma que estes podem praticar e ter benefícios com o treinamento, desde que certas variáveis sejam controladas, como sintomas subjetivos nos obesos, freqüência cardíaca e PA nos hipertensos e nível de açúcar nos diabéticos.

LÓPEZ (2004) complementa o âmbito da aptidão física ressaltando a necessidade de um cuidado especial com fatores primários de risco coronário entre os praticantes, além da possível divisão de turma por nível de aptidão física.

FIGUEROA (2002) afirma que o aumento do VO2Máx do adulto idoso dependerá da intensidade do treinamento, caso contrário os benefícios cardiovasculares serão mínimos ou nulos. Não foram encontradas informações sobre o impacto do treinamento do ciclismo indoor sobre as variáveis flexibilidade e força de membros inferiores na literatura pesquisada.

Composição Corporal

Poucos autores abordam claramente a influência do ciclismo indoor na composição corporal, porém uma informação comum entre MELLO (2004), DESCHAMPS (2005) E DOMINGUES FILHO (2005) é o impacto do treinamento de ciclismo indoor na redução do percentual de gordura corporal. Estes autores também abordam a influência do treinamento no controle do peso corporal e na melhora da estética. MELLO (2004) ressalta ainda o ganho de massa magra com a prática do ciclismo indoor.

Aspectos Psicológicos e Sociais

DOMINGUES FILHO (2005) aponta que o treinamento de habilidades mentais pode ser associado à prática esportiva e à atividade física, trazendo importantes benefícios. Este tipo de treinamento está relacionado a habilidades mentais ou comportamentais como: concentração, ativação, confiança, motivação, entre outras.

Há muitas informações sobre os aspectos psicológicos relacionados ao treinamento, algumas específicas sobre os idosos como DUARTE (2002) que afirma que eles têm uma concepção da atividade física relacionada à obtenção de benefícios físicos, psicológicos e sociais, ao prazer da participação ou ainda a necessidade de auto-eficácia.

Podemos complementar com as informações de BORGES (2004), ressaltando que no envelhecimento o entusiasmo é menor, a motivação diminui e são necessários estímulos bem maiores para fazer com que o idoso se interesse por coisas novas. Relacionado ao ciclismo indoor, podemos ressaltar as informações de DESCHAMPS (2005) que aborda os motivos que levam homens e mulheres a praticar o ciclismo indoor, motivos estes que são: prazer na atividade física, procurar melhorar a estética, aquisição de um melhor condicionamento físico, desejo de melhora na qualidade de vida. Além de apontar os benefícios da prática do ciclismo indoor como a melhora da auto-estima. Os indivíduos relatam que o ciclismo indoor auxilia no combate ao stress e durante a prática ocorre um relaxamento mental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta revisão bibliográfica nos leva a acreditar que a prática do ciclismo indoor pode apresentar impacto positivo nos três âmbitos estudados, ou seja, aptidão física, composição corporal e aspectos psicológicos.

Porém, a literatura não apresentou informações específicas, sobre o impacto do treinamento na população idosa. Há informações e estudos já bem avançados sobre atividade física para idosos, mas não especificamente sobre o ciclismo indoor para esta população, sendo restritas a população adulta, ou seja, adultos jovens.

Sendo assim, julga-se necessário a realização de estudos de campo voltados à verificação do impacto de treinamento de ciclismo indoor na população idosa, analisando os pontos ressaltados no estudo realizado: aptidão física, composição corporal e aspectos sociais e psicológicos.



Fonte:

efdeportes.com
Resumo do Artigo elaborado na Universidade São Judas Tadeu - São Paulo.(Brasil)
Por: Lucas Moreira Gonçalves Luiz Fernando Santoro Camões Sergio Cardoso Carvalho

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